Chamadas para trabalhos

Ser líder nas Américas e na Europa
Líderes e lideranças nos discursos políticos contemporâneos
 
Congresso Internacional
Maison de l’Amérique Latine
Laboratoire Communication et Politique – CNRS
19 a 21 de novembro de 2014

“Líder” e “liderança” são expressões importantes no vocabulário político contemporâneo. No entanto, o que esses termos significam exatamente? Podemos diferenciá-los? E, se necessário, a partir de que critérios? De qualquer maneira, não se pode negar que a figura do líder se constrói e se manifesta no discurso. A liderança é o produto dessa construção e, ao mesmo tempo, fonte de uma nova criação. De fato, há discursos que marcaram particularmente a imagem de líderes e participaram da elaboração de suas lideranças. Foi o caso do Discurso de Dakar pronunciado pelo então presidente francês, Nicolas Sarkozy, em julho de 2007, que ficou conhecido e foi difundido através da frase: “o homem africano não entrou suficientemente na história”. Pode-se afirmar o mesmo a respeito do discurso de Néstor Kirchner na ESMA (Escuela Superior de Mecánica de la Armada), que incarnou a luta pela memória e pela justiça e contra a impunidade e o esquecimento na Argentina dos anos 2000. Último exemplo: o discurso Uma união mais perfeita, pronunciado pelo então candidato à Presidência dos Estados-Unidos, Barack Obama, na Filadélfia, em 18 de março de 2008. Na ocasião, o atual presidente reeleito norte-americano falou sobre a questão racial no país.

Além dos discursos pronunciados por políticos, outros tipos de discursos contribuem para a construção de líderes e de lideranças. Podemos mencionar aqui o papel do discurso midiático, em que a proliferação de neologismos a partir de nomes próprios de atores políticos mostra a crescente personalização da política: “blairismo”, “berlusconismo”, “chavismo”, “lulismo”, ou ainda, em francês, “Merkozy”, “Merkollande” são apenas alguns exemplos. Pode-se perguntar se esses tipos de usos são indícios da instauração de alguma forma de liderança. De qualquer maneira, o emprego generalizado desses termos pela mídia sugere que o tempo dos “grandes líderes” na Europa e nas Américas ainda não terminou.

Nesse contexto, a problemática em torno da figura do líder e da noção de liderança encontra legitimidade, e propomos abordá-la por meio da construção discursiva. Em outras palavras, trata-se de considerar as formas pelas quais os líderes e as lideranças surgem e se desenvolvem em um processo de co-construção discursiva que envolve diversos atores sociais: os próprios líderes, assim como os meios de comunicação, a instância cidadã e a comunidade científica.

O objetivo deste congresso é contribuir para uma melhor apreensão dos temas relacionados à questão da liderança a partir de uma perspectiva multidisciplinar. Tal enfoque permitirá relacionar os mecanismos linguísticos, discursivos e argumentativos convocados tanto na co-construção da figura do líder como na da liderança com saberes provenientes de diversas disciplinas, tais como: a história, a ciência política, a filosofia política e a psicologia social. Uma vez que o discurso ocupa lugar central neste congresso, os estudos de corpus serão privilegiados. Nosso intuito é romper com as barreiras disciplinares e participar de uma reflexão comum sobre um tema transnacional: a questão dos líderes e das lideranças no discurso político.

Este congresso tem igualmente por meta favorecer o diálogo entre investigadores de horizontes geográficos diversos sobre o mesmo tema. A comparação pode ser feita em vários níveis: entre países e culturas pertencentes a diferentes áreas geográficas (países europeus / países da América Latina), entre culturas e países distintos pertencentes à mesma zona geográfica (Argentina / Brasil, por exemplo) e em um mesmo país. Dessa maneira, procura-se responder à seguinte pergunta: como as análises comparativas se mostram pertinentes para uma melhor compreensão da figura do líder e da sua liderança?

Eixos temáticos:

  • De um líder carismático a um líder populista: semelhanças e diferenças no discurso. Questões relacionadas ao populismo, ao carisma e aos elementos de identificação do discurso populista.
  • Representações e imaginários na construção da figura do líder e de sua liderança. Que representações e imaginários são visíveis nesse processo de construção? Podemos identificar o surgimento de um novo imaginário, característico de uma liderança?
  • O fracasso na política: contraexemplos de líderes. Há líderes sem liderança? Que lugar atribuir aos “fracassos” da política e como analisá-los?
  • Os líderes vistos pelos meios de comunicação. A questão da influência dos discursos midiáticos na construção da figura do líder e da liderança. Análise dos slogans, das “pequenas frases” e “fórmulas”.
  • Líderes e gestualidade. De que maneira a gestualidade contribui para a construção de um líder e para o reforço de sua liderança? Questões ligadas à interação verbal no âmbito político e, mais concretamente, aos gestos e à corporalidade na política poderão ser abordadas.

O idioma oficial do congresso é o francês, mas as proposições de comunicação podem ser envidadas em francês, em espanhol, em português e em inglês. No caso de apresentações nestes últimos três idiomas, pede-se que os participantes utilizem um power point em francês.

Ao término do evento, estão previstas publicações em livros e revistas em suporte impresso e / ou digital.

Calendário :

  • 31 de janeiro de 2014: Envio das proposições ao e-mail info@colloqueleaders2014.org em dois documentos Word: 1) o primeiro deve conter: nome do(s) autor(es), filiação institucional, e-mail, título da proposta, resumo de no máximo 500 palavras, 5 referências bibliográficas e 5 palavras-chaves; 2) o segundo deve ser anônimo e conter apenas o título da proposta, um resumo de no máximo 500 palavras, 5 referências bibliográficas e 5 palavras-chaves.
  • 17 de março de 2014: comunicação das repostas do comitê científico.
  • Maio de 2014: abertura das inscrições.
  • 19-21 de novembro de 2014: congresso.

Conferencistas confirmados:
Patrick CHARAUDEAU (Université de Paris 13, CNRS – LCP)
Georges COUFFIGNAL ((IHEAL-CREDA – Paris 3 – Sorbonne nouvelle)
Christian LE BART (IEP Rennes – CRAPE)
Vincent MICHELOT (Sciences Po Lyon)
Neyla Graciela PARDO ABRIL (Universidad Nacional de Colombia)
Laura TEDESCO (Saint Louis University / Madrid Campus)